Uma das preocupações fundamentais na administração de tecnologia como recurso didático aqui no colégio é operá-la como um instrumento de eficácia pedagógica, eficácia colocada na forma de melhorar o acesso a informação, de permitir novas mediações com esta informação a ser transformada em conhecimento, eficácia que visa fazer com que mais alunos atinjam mais insights, que mais professores tenham estratégias mais variadas, que os professores possam acompanhar as transformações decorrentes dos avanços tecnológicos e tomar decisões coerentes as suas concepções mediadas por estes avanços,... é esta a eficácia que buscamos. O Santa Cruz tem uma característica interessante, que facilita a gestão da inovação, por ser uma escola que procura manter a autoridade sobre aquilo que produz e publica, que tem nas suas raízes uma condição particular produzida por um conjunto de excelentes profissionais que tem autonomia para forjar seu trabalho dentro de suas concepções. Então quando você observa o projeto de tecnologia, sobressai o projeto autoral, seja do aluno, seja do professor. Estamos, por exemplo, neste instante, avaliando a assinatura de uma ferramenta de apoio as aulas de geografia, com imagens manipuláveis em 3D, de ótima qualidade, mas como há sempre um viés daquele que concebeu e que normalmente é distinto do viés do professor, as dificuldades aparecem e por vezes inviabilizam a adoção. Nosso professor, em geral, prefere produzir seu próprio material. Acompanhando estas características e procurando compatibilizar tudo, a gestão de tecnologia educacional vai sempre atrás da ferramenta autoral , a ferramenta que permita ao aluno produzir, e mais atualmente, publicar e compartilhar o conteúdo produzido por ele mesmo. Edição de vídeo, blogs, ferramentas de animação, de publicação na internet, de edição de imagens, ocupam praticamente toda a produção com tecnologia. Já no início do fundamental, no 2º. Ano, há um projeto em que os alunos produzem um blog coletivo sobre uma pesquisa da Mata Atlântica. No 3º. ano experimentamos este ano a produção de nossas primeiras apostilas digitais para consumo nos tablets, mais aplicativos do que apostilas e os professores puderam conhecer as possibilidades de produção de um material mais interativo e áudio-visual do que a apostila impressa. No 5º. Ano o Jornal do Santa, em sua 8ª. edição, agora permite aos alunos a edição autônoma dos vídeos produzidos por eles mesmos. Assim eles são os redatores, apresentadores, editores e diretores de arte do projeto, algo que é sempre buscado aqui, que o aluno se aproprie completamente do processo, desde cedo. Na 8ª. série, outro exemplo, é a exposição chamada a Praça da Lingua, onde os alunos produzem uma mostra de poemas digitais inspirada na Praça da Língua do Museu da Língua Portuguesa. Esta coerência facilita o resultado do trabalho do colégio, pois legitima, apropria e permite, apesar de novas leituras a cada ano, que os projetos se mantenham, ano após ano avançando, e garante um planejamento de tecnologia de continuidade. Escolas que optam pela adoção de conteúdo pré-produzido, acabam caindo no efêmero, na ansiedade contínua por um novo consumo. Somos assim, por que no fundo buscamos as competências centrais, essenciais, na formação do nosso aluno. Apesar de uma revolução no acesso e na velocidade de produção do conhecimento , e das enormes questões que temos de enfrentar na busca de uma escola que responda as demandas contemporâneas, continuamos atrás de um aluno crítico, autônomo, senhor de seu próprio caminho cognitivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário