sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Na busca da inovação

Asfalto-3
Em 1983, após 3 anos dando aulas de física no Colégio Objetivo, certo de que aquela didática neurotizante de apostilar, encaixotar o conteúdo e descer em bloco para cima dos alunos não era a melhor maneira de educarmos nossos jovens, entrei no curso de pedagogia cheio de ilusões. Sentia que precisava produzir algo diferente, uma escola muito melhor. No primeiro ano de faculdade, tive a sorte de conheci Luadir Baruffi, um excêntrico professor, explorador das tecnologias aplicadas ao ensino, que formava, em seu laboratório na FEUSP, monitores de Logo, uma linguagem de programação para crianças desenvolvida no MIT pelo grande construtivista Seymour Papert. Percebi, em instantes, que havia naquela maneira de desequilibrar as certezas lógicas da criança, uma nova perspectiva didática, a possibilidade de ampliar a visão do aluno com relação às coisas que ele aprendia convencionalmente. Nunca busquei a revolução, uma mudança radical na forma de trabalhar educação. Sempre fui atrás de novas abordagens. Isto me mobilizou desde então e me trouxe até aqui. Tornei-me obsessivo na busca de tornar o bom ferramental tecnológico acessível a meus colegas educadores. Todo meu trabalho, nestes 30 anos, resume-se em asfaltar este caminho. Passo horas a garimpar ferramentas educacionais ou não (as que são feitas para outros fins normalmente permitem abordagens mais livres e criativas do que as desenvolvidas com finalidade puramente educativa). Empolgo-me a cada vez que descubro alguma ferramenta, comportamento ou instrumento que permita uma relação diferente com o conceito, a ideia, o exercício que vínhamos trabalhando com o aluno. Algo que permita uma manipulação do conhecimento de modo original, impossível de ser realizado em outro meio. O que me move é conseguir mostrar ao professor o potencial desta nova abordagem. Tento fazer isto sem que ele se dê conta do esforço que lhe custou apropriar-se desta tecnologia, num modo assim transparente, suave, focado na cognição do aluno, na relação com o conhecimento que este novo instrumento pode propiciar para ele a seus alunos. Só assim ele avança, e se encoraja a novos voos, inovando, de fato. 

 

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