Como ficamos sensíveis
Hoje caiu a rede no colégio entre 14 e 18 horas. 4 horas criticas onde centenas de alunos, dezenas de professores e funcionários trabalham insanamente, sem jamais prestar a atenção na infra-estrutura necessária para que eles tenham tal transparência no serviço de acesso a rede e a internet. Tive a sensação de chegar em casa e estar faltando luz, ou ainda pior, água. A gente nem imagina a estrutura que perpassa a cidade e seus arredores para garantir que as torneiras soltem água quando acionadas. Internet virou serviço essencial, tão importante como água ou luz. Será? A julgar pela reação dos alunos ao descobrir que não podiam abrir seus arquivos e finalizar trabalhos que tem de ser entregues amanhã, é sim. Como a gente faz? Eles perguntam. Mas eu preciso, fiquei na escola para trabalhar,.... Quando que vai voltar? Tenho de entregar o trabalho amanhã..... sem saída. O professor telefona e pergunta: Preciso de garantia que tudo vai funcionar para levar meus alunos no laboratório. Ah, planejei minha aula com tanto material em vídeo e agora? Já perdi 2 aulas inteiras , ou seja 2 turmas que ficaram sem trabalhar hoje. Não vou ter tempo para repor. Estou muito chateado,.... Durma com um barulho deste. Toda uma cultura avançando e criando dependências tão profundas que impedem-nos por vezes de encontrar algum atalho. Há 5 anos, vai, não precisamos ir mais atrás, ninguém se comprometia deste jeito, ninguém preparava uma aula com áudio-visual sem ter um plano B montado. Nos acostumamos a ligar o interruptor e pronto, conexão imediata ( e tem de ser rápida se não xingamos o provedor, o cpd, o técnico,...) Vida difícil daqueles que zelam pela infra-estrutura ( são tantas as razões pelas quais uma conexão pode ficar fora do ar, que somente para varrer as possibilidades mais frequentes antes de atacar o problema pode levar 30 minutos). Vida imprevisível de nós que vivemos conectados. Será que perderemos o poder de contar uma boa história sem recursos áudio-visuais? Será que não dá para ir dormir sem ver as mensagens? Acho que assim como fazemos semanas digitais, onde todo aluno traz seu portátil de casa, devemos fazer de vez em quando semanas não digitais, onde todos reaprendem a usar giz, saliva, imaginação, não acham?
Nenhum comentário:
Postar um comentário