segunda-feira, 19 de março de 2012

o valor de uma escola 2

Sábado conversava com um amigo sobre o Santa Cruz e ele me pedia comparações entre o Santa e escolas boas em outros países e eu discorria sobre visões diferentes que certos países têm acerca dos objetivos da escola fundamental. Enquanto na Escandinávia, o lema é preparar o aluno para trabalhar em conjunto, pensar soluções para problemas concretos, usando tecnologia moderadamente, alguns países asiáticos buscam preparar seus jovens para estarem aptos a negociar e conviver com outras culturas, nós aqui trabalhamos muito focados em conhecimento puro e fica difícil estabelecer parâmetros para comparação efetiva. A conversa parecia mostrar que a metodologia e o uso intensivo de tecnologia não são tão fundamentais quanto a visão que se tem de educação. Aí ele me pergunta o que faz as escolas, especialmente as universidades americanas tão eficientes ( matéria no estadão semana passada aponta que entre as 70 melhores universidades estão pelo menos 50 norte-americanas - sabe-se lá qual critério se usa para comparar isto, mas enfim, é um ranking). Eu respondo, de chofre, a qualidade dos professores, a capacidade que aquela sociedade tem em reter e atrair talentos para lecionar e pesquisar em suas universidades. Bingo! Certamente este é o fator-chave, mais fundamental que métodos, currículos, tecnologias,... Em seguida, no domingo, leio o artigo do Gustavo Ioschpe na Veja, entitulado "A tecnologia não nos salvará! ( por enquanto)" . Não gosto muito das intervenções dele no terreno educacional, pois não é um educador ( já falamos disto neste blog, sobre os especialistas em educação que nunca deram um única aula). Desta vez ele se redime ao dizer que de fato não pode emitir opinião sobre a questão pedagógica, e levanta sua voz e espaço para alertar-nos sobre a voracidade com que o dinheiro público resolve introduzir portáteis nas escolas públicas sem certeza alguma sobre resultados positivos. Nós, na rede particular, ainda discutimos e experimentamos gradualmente esta transferência da tecnologia para dentro do espaço de trabalho do educador e do aluno ( Gustavo afirma que manter a tecnologia encapsulada em laboratórios de informática não faz mais nenhum sentido), mas não temos ainda confirmação alguma sobre o benefícios reais ( venho discutindo neste blog vantagens e limitações desta iniciativas de imersão tecnológica). Como podem gestores públicos, incentivados por uma indústria ávida por espaço, investir somas tão grandiosas em equipamentos imaginando que tal movimento pode, per si, movimentar tudo o que orbita em torno da sala de aula, depauperada, sem pensar no artista maior, o professor. Como reter talentos pagando R$ 2.000,00? 

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