Ontem perdemos um de nossos valores mais fundamentais aqui no colégio. Um professor de história, que ainda não havia completado 50 anos, faleceu em decorrência de um câncer devastador. Um professor daqueles que faz os alunos pareciarem história, um contador de histórias, daqueles capazes de entreter a plateia por horas. Crítico e mobilizante. Um sopro de reflexão, uma visão daquilo que está por detrás da história oficial, um luxo, que perdemos. Sem saída. Coincidentemente, tivemos esta semana uma palestra que tambem foi um luxo, conseguimos trazer, graças a ação de alguns educadores do colégio, o geógrafo inglês David Harvey, um marxista professor da Universidade de Nova York. Ele palestrou e conversou com os alunos do 2o. e do 3o. ano do ensino médio e falou de Marx e do seu Capital. Disse-lhes que desde que descobriu Marx, quando era ainda um jovem professor crédulo nas teses de Adam Smith e dos milagres da economia liberal de mercado, passou a ministrar um curso sobre o Capital e durante estes 40 anos em que ministra o mesmo curso, a cada ano, as teses de Marx respondem melhor as sucessivas crises do capitalismo e nos mobilizam a perguntarmos se não seria possivel construirmos novos modelos para minimizarmos o desquilíbrio, garantirmos mais qualidade de vida, ambiente estável e paz para os 7 bilhões de seres humanso. Me parece que esta discussão estava no centro do trabalho do Jair, militante e crítico. Ambos deixaram impressões indeléveis no espírito de cada um dos milhares de alunos com os quais trabalharam ao longo de suas cátedras, indicando que o valor de um professor está muito alem das estratégias e da didática. É quando ele, como cidadão e pesquisador, está a procura de respostas para dar significado a seu trabalho (e a sua vida, certamente), é que ele opera transformações naqueles com quem trabalha. Saudades, Jair!
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