Fico estarrecido com a quantidade de "especialistas" em educação que temos neste país e com a qualidade desta educação brasileira. Parece um terreno profissional tão subjetivo que todos se acham relativamente aptos para exercer, opinar, atuar. Administradores de empresas dirigindo departamentos de RH, praticando políticas de treinamento, designers e psicólogos publicando cursos a distância, jornalistas atuando como designers instrucionais, editores produzindo livros didáticos, ..... Talvez a culpa seja efetivamente dos educadores de fato, pedagogos, licenciados e professores natos, que se omitem diariamente e não produzem uma luta vigorosa em defesa de sua profissão. Digo professores natos, pois, assim como o bom jornalismo não se produz a partir de um diploma superior, um bom educador tampouco se forma necessariamente nos bancos das faculdades de educação. Há milhares de professores que se fizeram por conta, a partir de um talento natural para contar um história, desvendar aquilo que prende a atenção do outro, gostar de ser a ponte entre a descoberta e a revelação. Acho que efetivamente, só pode se dar ao luxo de praticar neste terreno tão nobre, vital e delicado aquele que alguma vez já submeteu-se a rotina de uma classe, trabalhando solitariamente no silencio da noite pensando em como adaptar uma temática específica a compreensão de um grupo de alunos, de qualquer idade, em qualquer tipo de sala de aula. E que ao submeter-se ao crivo da aula efetiva, corrige suas ideias iniciais, reformula-as e passa gradualmente a praticá-las melhor, alcançando mais e melhor a inteligência dos grupos com quem trabalha. Chão de classe, para ser mais preciso, é o que falta para boa parte dos pseudo-educadores que assistimos opinar, produzir, faturar e disparar contra o bom-senso e a natureza única desta profissão tão desgastada.
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