domingo, 25 de março de 2012

ainda sobre a acomodação profissional

Fiquei pensando nestes dias sobre o problema da acomodação profissional. As pessoas entram numa empresa ou numa função nova na mesma empresa em que já trabalhavam, passam pelo constrangimento inicial de sentir-se fora d'água, adaptam-se duramente, inovam pela própria natureza de estarem fazendo algo que pouco ou talvez nunca fizeram até então, procuram realizar as expectativas dos superiores, dos pares, dos subordinados, experimentam, movimentam-se muito. Gradativamente, via de regra, excetuando-se as situações onde há gestores capazes de manter vivo o clima de inovação, as pessoas vão acomodando-se, encontrando sua zona de conforto e procurando manter-se confortáveis enquanto for possível. Voltemos a escola. Estamos em março. 2 meses desde o início das aulas. Assisto um pouco passivamente a rotina das atividades ligadas a tecnologia no colégio, procurando avaliar o quanto efetivamente foi plantado na cultura da escola, nestes 5 anos que atuo na coordenação de tecnologia, que funciona de modo regular, com autonomia do professor, de maneira eficiente. Vejo alguns avanços, no que tange a sala de aula, onde o uso das tecnologias de projeção e preparaçào de material de apoio as aulas expositivas funciona bem. Todos, sem exceção, lançam mão sistemáticamente de apresentações, imagens ou vídeos da web, textos do próprio aluno,... para ampliarem o impacto de suas aulas expositivas. Mas ainda vejo essencialmente um trabalho com tecnologia centrada na exposiçào, ou seja, na fala de um só, quando o paradigma das tecnologias de hoje estáo na comunicação, na colaboraçào. Vejo alguns projetos que são repetidos, ano após ano, com pequenas adaptações e alcançam seus objetivos. Vejo professores novos que entram no colégio ( sempre me inspiro quando encontro professores novos, pela perspectiva de inovarmos novamente), que são rápidamente sugados pela máquina implacável da rotina, dos programas extensos ( e intensos). Sinto, com frustraçào, que se a equipe de tecnologia não exercer uma pressào sistemática e coerente, mesmo depois de 5 anos agindo assim, a acomodaçào produz um retrocesso quase total, fazendo com que somente aquelas práticas que já tornaram-se essenciais (tal qual ter um computador e um projetor na classe) permaneçam. Sinto que minha própria equipe se acomoda na acomodaçào do sistema, percebendo que com pouco esforço se alcança o mínimo exigido e assim um ciclo vicioso se instaura. É preciso buscar forças no fundo do espírito para novamente renovarmos a visão coletiva de para onde queremos levar nossos alunos, desenhar-se um novo cenário, largo e amplo, e voltar a cutucar conselhos, professores, coordenadores, nas reuniões, nos corredores, no café, na rua, .... A visão, talvez a palavra-chave, muitas vezes perseguida na administraçao,  é que precisa ser renovada, repactuada, para que todos se estimulem a inovar. Empresa que nào inova, morre.

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