Fico espantado toda vez que converso sobre educação e escolas com amigos, pais e profissionais que trabalham com tecnologia. Todos nos acusam de sermos o último dos negócios a utilizarem-se de forma eficiente das tecnologias da informação, de ainda utilizarmos métodos ultrapassados de comunicação e gestão do conhecimento, que seus filhos se desconectam ao entrar no colégio, .... e muitas vezes fico pensando em como me posicionar sobre isto, tentando explicar o que acontece dentro de uma escola. Recebemos pressão ( e muitas vezes tambem voluntarismo para ajudar o colégio a explicar aos professores sobre a sala de aula do futuro, cenários que ,creem eles, poderão mover os professores a novas práticas). Explico-lhes que numa escola palavras como produtividade, eficiência e gestão são estranhas. No mundo corporativo, onde se buscam controle e eficiência, fica fácil compreender como se implantou tão rapidamente todo um ecossistema que mantem todos conectados ( não sei dizer o quanto eficiente isto é em termos de desenvolvimento de ideias, a não ser quando as empresas tem uma política clara de gestão da informação e de preparação das pessoas para trabalharem compartilhadamente). Não nos interessa mecanizar processos aqui no chão de classe. Buscamos produzir valores, autonomia, leitura crítica e uma base de conhecimentos, uma infra-estrutura básica para permitir vôos equilibrados dos futuros cidadãos. Isto não se produz com gestão da informação. Isto requer estratégias cognitivas, proposições inteligentes, apoio e orientação. É lógico que o acesso a informação ajuda e é fundamental. Mas não resolve nada per si. Ainda nos cabe nesta tal sociedade da informação produzirmos uma capadiade de discernimento ético no nosso aluno, para que ele seja capaz de escapar do imediatismo da informação mais fácil, para que ele separe o público do privado,.. E não temos pressa de produzir isto, temos longos 12 anos de formação para gradualmente lapidar todos estes talentos,... e talvez sejamos ainda um dos últimos espaços onde a velocidade não determine a ordem das coisas. E queremos preservar este noss espaço, encontrando funções mais nobres para estas tecnologias do que o multi-tarefismo e a superficialidade que caracterizam nossos tempos. Reflitamos e defendamos nossas posições contra estes obcecados por futurologia.
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