Interessante discussão que participei ontem com coordenadores de tecnologia e especialistas sobre o Facebook. Na verdade iríamos discutir Redes Sociais, mas convenhamos, o Face ( vamos tratá-lo carinhosamente) hoje engole todas, fácil. Começamos ouvindo o depoimento da coordenadora do Band indicando que a partir dos grupos de trabalho que os alunos criavam, eles sentindo falta de um professor, convidavam-nos e assim, a cultura aproximou-se dos professores que gradualmente estão assumindo estes grupos e aproveitando-os para ampliar a produção coletiva em projetos e trabalhos. A gente fica pensando, poxa o Bandeirantes reúne muitos bons alunos, muitos nerds, muitos orientais ( puro senso comum, preconceituoso, talvez, mas quem não pensa assim). Será que é porque é uma galera mais comportada em geral e assim desinibe o professor? Em seguida surgem questionamentos: voces pensaram bem nos riscos? Assumirem uma plataforma que controla toda a informação? Por que entrar no canal que eles, alunos, usam para se divertir e incorporar mais isto na rotina da escola? Há inúmeras outras ferramentas para socializar, compartilhar, colaborar... Por que o Face? Poxa, nenhuma delas tem tanto apelo emocional, afetivo, como esta. Se voce começar a publicar lá dentro, teus alunos já estão lá, não será preciso investir numa cultura de wiki, de blog, de glog, ... que eles ainda não tem, não é? E se oficializarmos o Face será que ele vai perder a graça para os alunos? Por que norte-americanos não pensam nisto. Usam simplesmente, por que foi feita para usar, e usam de todas as formas, para fazer propaganda, para relacionar-se, para vender, para estudar, para trabalhar,.... Por que sempre olhamos pelo avesso? Ao inves de perguntarmos por que utilizar na escola, poderíamos perguntar, sugere o Andre, por que não a utilizamos? Eu adiciono mais pontos. Não temos no adulto docente a cultura do compartilhar. Em geral ele produz sozinho, tem dificuldade em dividir seu trabalho com seus próprios pares, quem dirá com seus alunos, recebe individualmente o trabalho do aluno e mantem-no fechado para sempre..... Qual o jeito de desenvolver esta cultura senão inseri-lo (este adulto docente) no Face? Torná-lo um usuário comum, mortal mesmo, destes que começa a publicar fotos do cachorro fazendo arte, da mesa do restaurante com os restos de um canibalismo entre amigos, faze-lo acostumar-se com esta evasão de privacidade que vivemos, criticá-la, encontrar o ponto de equilíbrio, compreender como funciona este fenomeno que reune 1/10 da humanidade? É obrigatório acreditarmos nisto, não acham? O face é um fato, e a superficialidade promíscua que emana dele parece definir o comportamento de uma geração ( ou mais). Precisamos operar neste terreno, nós educadores, conhecer bem o terreno para neutralizarmos seus efeitos negativos ( e aproveitarmos como gente seus benefícios, lógicamente). Mary Grace, educadora da tecnologia falou que passou de blogueira para faceira e twitteira por que a natureza do blog exige tempo e preparação, enquanto a lógica destas ferramentas é a do imediato - ouvi, vi, compartilhei! Outro tempo, outro ritmo, mas e aquele registro elaborado, trabalhado, pesquisado, onde ficou? Se nós adultos estamos aderindo a este movimento do rápido o que dirá os meninos novamente, já naturalmente imersos na velocidade. como criar contrapesos, que garantam um outro olhar. É mais ou menos como dar um bom curso de fotografia para estes meninos, que clicam sem parar, e treinar seu olhar,... eles mudam, passam a mastigar antes de engolir. talvez este seja o desafio, mas precisamos entrar no terreno para conhecer as armadilhas e desarmá-las, sem destruir o afeto, citado pela Cristiana, que lá no Bandeirantes procura pelo afeto, que bom....
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