Já faz tempo queria escrever algo sobre o livro digital. Trabalho nestes dias no desenvolvimento de material digital para apoio a uma coleção de matemática da Editora Moderna e estamos discutindo o valor de publicarmos determinadas demonstrações longas e herméticas, se ainda devem ser publicadas no livro impresso ou se estas poderiam estar reservadas ao espaço digital, onde poderíamos reproduzir a seqüência que o bom professor faria na lousa para garantir uma boa compreensão da tal demonstração. Quando saiu o Kindle, há um ano, nossa impressão era de estarmos diante de um novo paradigma sim, que as pessoas passariam gradualmente a adotar a leitura digital e o livro impresso seria substituído, mas que o impacto mais importante na escola se daria quando o livro didático tornasse-se digital. Nossos alunos não precisariam mais trazer suas enormes e pesadas mochilas, o livro atualizar-se-ia constantemente, ao longo do texto todo e qualquer ponto em que houvesse imagem, chamadas externas, exercícios,... permitir-se-ia ao aluno sair da página e mergulhar na interatividade....
Mas o Kindle não é touch screen, não navega na internet, nem ao menos colorido ele é. Passam-se alguns meses e novamente a indústria do hardware ( e a Apple) antecipa-se a necessidade e nos traz a possibilidade... Deu vontade de pensar, e de escrever.
Como será o livro nesta nova dimensão? Vamos imaginar que estamos em 2015 e que o governo resolve comprar um destes Ipad da foto acima para cada criança da escola publica brasileira. E exige das editoras um novo formato para o livro didático a ser entregue. Acaba o papel, de uma só vez? Será? Se observamos um livro da nossa coleção, o que poderia permanecer no papel? Mais fácil pensarmos no que seria o livro digital primeiro: na introdução de cada capitulo, filmes bárbaros e animações super bem feitas e bem narradas nos remetem para dentro do assunto. Em seguida posso manipular o fenômeno que estou estudando, seguindo as sugestões do professor, que já vem gravadas com sua própria voz, como se ele conversasse comigo.Ele aparece em pequenos vídeos ao longo da sequencia, para revisar os pontos importantes que vão sendo montados em pequenos boxes ao lado do vídeo. As demonstrações mais difíceis que ele executa na classe, aparecem em vídeo e posso rever a sequencia várias vezes até compreendê-las. Vou escolhendo os trechos do conteúdo que considero mais relevantes e montando um diário pessoal que vai me ajudar a revisar sempre que necessário. Links para sites e referencias são abundantes. De vez em quando me surpreendo com um jogo que explora toda a capacidade do meu IPad. Tenho um ícone permanente que me permite chamar o professor e mandar-lhe perguntas que são respondidas rapidamente. Na verdade há um professor de plantão permanente. As perguntas que eu e meus colegas fazem vão ficando armazenadas no local em que cada conteúdo aparece e podemos acessá-las o tempo todo. Na conclusão de cada capitulo sou levado a discutir o que aprendi e encontro opiniões dos meus colegas para comparar. Na verdade posso ver quais colegas meus estão estudando naquele capitulo no mesmo momento que eu e manter uma conversação (vídeo e voz) com eles. Tiro dúvidas com eles mais do que com meu professor. Fazer exercícios então é bem bacana, pois tento algumas vezes e se tropeço, peço ajuda ao próprio sistema. Se acerto os exercícios vão ficando mais difíceis, se erro, vão ficando mais fáceis. Vejo sempre onde estou em relação ao meu grupo de colegas....
O que sobrou para ficar no papel. Um livro menor, uma brochura? Uma síntese descritiva do conteúdo teórico, enfatizando de forma esquemática, o que há de essencial a ser pensado e lembrado? Um guia de fórmulas para memorização? Um livro com exercícios complementares especiais e difíceis? Façam suas apostas!
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